SOBRE MIM
Antes do Osteossarcoma
Esta foto foi tirada no dia anterior ao meu primeiro sintoma da doença. Neste dia, a família estava toda em festa e eu de coração cheio como sempre. Era o batizado de uma primita!
Antes do cancro eu era uma pessoa feliz! Cheia de sorrisos, sem nada mal resolvido na vida, com uma garra profissional muito grande e com uma vontade enorme de concretizar todos os meus sonhos, sonhos esses que continuam a fazer parte de mim!
Uma mesa recheada de família, namorado e amigos, para uma boa conversa e uma galhofa, sempre me encheram o coração. Paralelamente à vida pessoal, trabalhava na minha área de formação, o que me mantinha igualmente de coração cheio!
O mar sempre foi algo que me acalma e me lava a mente! Perder e achar-me sempre foi na praia!
No primeiro dia que senti a dor, senti logo que era uma dor demasiado estranha para ser algo simples. Foi uma dor que se manifestou ao acordar e quando me deitei, à noite, já tinha perdido o movimento da perna... A dor era aguda, manifestava-se no joelho e sentia pontadas ao longo da tíbia.
Nessa noite, não suportando mais a dor, pedi que me levassem às urgências.
Nas urgências nem um exame me fizeram, uma seringada no rabo com um analgésico e mandaram-me para casa. Esta situação repetiu-se demasiadas vezes, até que o médico de família me pediu uma eco ao joelho, mas apenas à parte da frente. A única coisa que se verificou foi que havia líquido no joelho.
Resultado do diagnóstico, possível rotura do menisco.
Dores e mais dores, obrigaram-me a recorrer a um ortopedista privado que me pediu uma TAC e uma Ressonância Magnética e aí sim, revelou-se uma massa que necessitava de atenção.
Pedida a consulta no CHUC, solicitaram uma PET e uma biópsia revelando um osteossarcoma.
O meu mundo desabou! Recebi a notícia pelo telefone, era 6ª feira 29 janeiro de 2016 e 2ª feira já tinha de me apresentar no hospital para dar início a todo o processo de tratamento e iniciar a quimioterapia.
27 anos e um diagnóstico destes! Foi algo difícil digerir em tão pouco tempo. Mas o que era certo é que 2ª feira teria de estar de cara lavada e de coragem no peito para iniciar a luta!
A Luta de 2016
A quimioterapia foi bastante dura, obrigava a internamentos e os efeitos secundários (dores, imunidade baixa, náuseas, vómitos, ausência de apetite... e quando se forçava vinha tudo parar cá fora) eram horríveis.
Haviam dias, que nem tinha força para tirar um pé da cama, tamanha era a fraqueza!
Por adorar praia e mar e por ser um dos sítios onde melhor me sinto, fiz questão de usar este cenário para fazer uma sessão fotográfica, naquela que é a fase que mais transtorna a maioria das pessoas... A fase sem cabelo e sem pêlo. Aceitei todo o processo e decidi registá-lo antes da cirurgia à perna!
Outra fiz em estúdio, uma sessão muito bonita e que espelha todo o amor que senti durante este processo e que demonstrou o meu à vontade com tudo o que vivia.
Apesar de inúmeros momentos de sofrimento, sempre acreditei que todo o sofrimento sentido era significado de cura e por isso mesmo.. SORRIA!
Chegada a fase da cirurgia, lá fui eu colocar uma pernoca nova! Senti-me feliz! Afinal, iria tirar o maldito tumor de dentro de mim e confiava (e ainda confio!) plenamente em toda a equipa médica que me acompanhou!
Após a mínima recuperação, arrancou-se logo com a quimioterapia pós cirúrgica.
E foi a 12 de Outubro de 2016 que recebi a melhor notícia: Fim dos tratamentos!
Nem imaginam a minha alegria! A alegria era tanta que choviam lágrimas de forma incontrolada e nem conseguia falar! Tudo o que tinha passado, tinha finalmente dado frutos!
Passei a ver tudo na minha vida de outra forma... Passei a dar valor ao simples facto de acordar e não sentir dor. Passei a dar valor ao acordar e sentir que estava na minha cama (e não numa cama de hospital...). Passei a dar valor ao verdadeiro sentido da vida, que muitos não conhecem!
Passei a sentir-me grata por todos os dias que estava a viver! Cada dia era uma oportunidade de sentir e uma oportunidade de viver coisas boas :)
A Luta de 2018
Em fevereiro de 2018, apesar de toda a minha motivação e vontade de viver, quis o destino que eu voltasse a reviver a história de 2016. O regresso da doença não é fácil. A doença regressou alojada num pulmão. Voltar a lidar com todas as emoções e perceber que infelizmente não pertenço aos 70% dos casos de cura... é duro!
As duas cirurgias a que fui sujeita são extremamente dolorosas e cada vez mais incapacitantes. Cada vez tenho menos pulmão e todos sabem o quão importantes são os nossos pulmões.
É muito difícil para mim assumir que preciso de ajuda pública e recorrer a este tipo de apelo... mas faço-o porque preciso de me tratar rapidamente e infelizmente a minha situação financeira não permite avançar com os tratamentos sem pedir a vossa ajuda!
Só sei que Alemanha é uma luz para mim e que quero muito viver! Ajuda-me a viver! Sou jovem e tenho uma vida demasiado boa para desistir dela e/ou para não a continuar a viver!
Quando falo em vida boa refiro-me a uma vida sem dor, e com amor, felicidade, carinho, família, amigos e trabalho.
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